A profissão de redator é uma atividade que demanda constantes atualizações, seja no aspecto linguístico ou nas técnicas de produção textual e construções textuais.
Porém, como qualquer profissão, com o tempo acabamos absorvendo alguns vícios de linguagem, sensos comuns e padrões de escrita que muitas vezes não são adequados para o contexto.
Entendendo a Semântica para melhorar a produção de conteúdo
A maioria desses “problemas” está no sentido que as palavras realmente possuem. Em algumas construções textuais é preferível usar alguns termos em relação a outros e isso faz toda a diferença.
De forma bem simples, Semântica é o estudo do sentido das palavras, de uma frase ou de uma expressão.
Sabendo disso, compreender a semântica é importante para criar textos mais adequados ao contexto em que algumas palavras devem ser utilizadas ou não.
As 10 construções textuais que devem ser evitadas
Logo abaixo você poderá ver as principais expressões e construções textuais usadas que mais empobrecem uma redação por não serem adequadas ao contexto.
Por isso, vale a pena analisar muito quais são essas construções e evitar as mesmas no seu conteúdo.
1- “Várias opções/Diversas opções”
Essa é uma construção textual muito usada para indicar ideia de pluralidade ou de alternativas.
Porém, a palavra “Opção” ou “Opções” já possui a ideia de alternativas em seu sentido, descartando assim o uso das palavras “várias” ou “diversas”, pois exprimem o mesmo sentido.
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Basicamente usar a expressão “várias opções” ou “diversas opções” é o mesmo que usar o pleonasmo, ou seja, “subir para cima”.
2- “Um outro tipo”
Aqui também ocorre um erro comum principalmente no início das frases e das orações.
Neste caso, não há a necessidade de fazer referência à quantidade de algo que é diferente, pois a palavra “Outro” já exprime isso muito bem.
Além disso, neste tipo de construção textual há a repetição ou confusão se o “Um” é artigo indefinido ou numeral. Portanto, para evitar essa confusão, elimine essa expressão do seu conteúdo.
3- “Mais assertivo”
Os modismos linguísticos observados principalmente no mundo corporativo transformam certas palavras em algumas convenções e a palavra “assertivo” é uma delas.
A palavra “assertivo” é usada erroneamente em muitos textos quando a ideia é tentar transmitir algo que seja “certo ou mais certo”.
O termo assertivo vem de asserto e asserção, que é a capacidade de emitir opiniões de forma categórica e verdadeira. Sendo assim, se a sua intenção é passar a ideia de algo que é certo ou acertado, não use a palavra assertivo para tal.
4- “Outra alternativa ” ou “Outra opção”
As palavras “Alternativa” e “Opção” são sinônimas e expressam a ideia de pluralidade de escolhas. Portanto, essas construções textuais seguem o mesmo erro do primeiro exemplo.
A palavra “Outra” já sugere a ideia de opção, portanto não é necessário usá-la acompanhada de “alternativa” ou “opção” que indicam a mesma coisa.
5- “Entre outros”
Aqui temos uma expressão que não quer dizer absolutamente nada. A expressão “entre outros” sugere a ideia de mais opções ou alternativas além do que já foi mencionado e geralmente é usada no final de frases e orações
O pronome indefinido “Outros” gera uma ideia incompleta ou inconclusiva sobre a frase.
Sendo assim, usar a expressão “entre outros” só irá empobrecer o seu texto e não vai transmitir a ideia de conclusão de uma ideia ou argumento.
6- “A maioria das pessoas são”
Este é um erro crasso e cometido muitas vezes até mesmo por profissionais experientes ou grandes veículos de comunicação do mercado.
Aqui há um erro básico de concordância verbal entre o sujeito e o predicado. Lembre-se que o verbo deve concordar em número, gênero e pessoa com o sujeito da sentença.
Portanto, sempre que usar a expressão “a maioria” tenha em mente que está se referindo a um substantivo no singular e por isso deve concordar com o número.
Sendo assim, “A maioria das pessoas é” e “As maiorias das pessoas são”. Isso vale para tudo na Língua Portuguesa!
7- “A grande maioria”
Aqui temos mais um erro de construção textual que apresenta algo similar ao pleonasmo.
A palavra “Maioria” já expressa a ideia de algo grande, por isso seria redundante e desnecessário antecedê-la com a palavra “grande”. E também porque não existe “Pequena maioria” ou ao menos seria uma ideia antagônica e inadequada em qualquer contexto.
Portanto, está na hora de banir essa expressão dos seus textos e usar apenas o que for necessário.
8- “um certo”
Aqui há uma espécie de “pleonasmo de indefinição”. Como isso é possível? Já reparou que ambas palavras são pronomes indefinidos!?
Isso ocorre porque o pronome indefinido “certo”, já traz em si mesmo a ideia de indefinição e por isso dispensa o artigo indefinido “um”.
Portanto, sempre que usar o pronome indefinido “certo” nas suas construções textuais, elimine o “um” que o antecede para deixar o seu conteúdo mais adequado e menos indefinido.
9- “um maior ou um menor”
Essa expressão também segue o mesmo erro que o exemplo anterior. O pronome indefinido “um” é uma “pedra no sapato” quando precede adjetivos, advérbios e outros pronomes.
A palavra “maior” pode ganhar forma de substantivo ou de adjetivo de dois gêneros (ex: um homem maior ou uma mulher maior). Portanto, assume o papel de algo indefinido.
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Sendo assim, nas construções textuais onde queremos citar que algo é maior ou menor, não há necessidade de usar o pronome indefinido “um” quando já estamos falando de algo indefinido.
10- através de
A palavra “através” é um advérbio que pode incorporar diversas aplicações dependendo do contexto.
Por possuir essa natureza transitória de advérbio, a palavra pode modificar o verbo, um substantivo ou outro advérbio para indicar modo, circunstância, tempo e intensidade.
De forma geral, o significado de “através” se refere a “meio”, “atravessado”, “transversal”, “motivo”.
No entanto, quando queremos dizer que alguém conseguiu obter algo “através de” é mais conveniente usar a expressão “por meio de”.
Porém, vale considerar o contexto da frase ou da oração em que a palavra está inserida e novamente é pertinente frisar que a sua aplicação não está errada, porém, não é a mais adequada.
Conclusão – Não está errado, porém não é adequado
É bom deixar claro que tais construções textuais podem não ser consideradas erradas, porém não são adequadas para determinados contextos.
Por isso, as escolhas certas das palavras pelo redator fazem toda a diferença na qualidade do conteúdo final, pois é possível transmitir mais clareza no texto e melhor entendimento por parte do leitor.
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